PENITENTES DO ROSÁRIO - BRASIL


“Camponeses repetem um ritual secular: a penitência representa uma confissão de culpa pela morte de Cristo”
     Credos, cânticos e louvações. A Semana Santa revivia uma tradição que remonta ao século passado e que se repetia anualmente. Na Sexta-feira da Paixão, homens humildes – negros e caboclos – que viviam de roças e empregos temporários, iam glorificar ao Senhor, a Jesus Salvador e à Virgem Santíssima, no pequeno vilarejo do Rosário, distrito do município de Milagres, Sertão do Cariri, Ceará. Eram os “penitentes”, um grupo de cristãos católicos que, até há duas décadas, adotavam a prática do sufrágio, um ritual que consistia na auto-punição de chicotadas nas costas, com cordões que possuíam lâminas afiadas nas pontas.

     O sufrágio representava a “confissão de culpa” e uma auto-punição pelo sacrifício de Jesus Cristo, com a crucificação e morte, que não foi impedida pelos seguidores. Orando aos pés dos dois cruzeiros e pelas duas únicas ruas do Rosário, os penitentes formavam um coral, que era puxado pelo mais velho integrante e líder do grupo, desde 1942, Cícero Porfírio da Costa, já falecido. O fim do sufrágio foi acompanhado pela liberalização da tradição, que não permitia sequer às mulheres assistirem ao culto ou mesmo observar pelas janelas. Se hoje as mulheres pudessem assistir e acompanhar os penitentes, permaneciam, porém, impedidas de compor o grupo. Olhar e rezar, só de longe.

     “Elas podem criar o seu próprio grupo, e se tiverem alguma promessa a pagar, estão liberadas para acompanhar. A tradição de não permitir a presença de mulheres é porque a gente sai tarde da noite e sempre andamos pela estrada escura”, disse em linguajar simples Cícero Porfírio. Os penitentes mantiam, ainda, critérios rígidos para o homem ingressar no grupo religioso. Condutas como o bom comportamento, não beber ou fumar no dia da penitência e ser uma pessoa de boa vontade são condições básicas. “Só participa se ele for casado, na Igreja Católica, ou solteiro. Ser junto não aceitamos”, revelou o líder.

     Origem – A origem dos “Penitentes do Rosário” data do século passado. Cícero Porfírio recebeu a função de líder do grupo em 1942, repassada pelo líder da época, Joaquim Pedro, já falecido. “Quem pediu para que a gente deixasse de realizar o sufrágio foi o padre Joaquim Alves, de Milagres, também já morto. O problema é que no dia seguinte muitos não tinham nem condições de trabalhar”, argumentou Porfírio.

     Outra tradição preservada pelo grupo eram os trajes da procissão. Roupões azuis com cruzes brancas e capuzes brancos com cruzes azuis, que antigamente não eram retiradas em público, dão o aspecto formal à louvação. Uma cruz com arranjos era conduzida por um penitente, sendo seguida pelo grupo que repete o terço rezado com o pranto “Meu Senhor é Amado” e os cantos Bendito da Quinta-Feira Santa, Bom Jesus do Calvário, Santo Mariano, Santo Antônio, Sonho de Nossa Senhora e outros.
Fonte. Sit. www.oort.com.br


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